Roberta Oliveira

Procedimentos Preconizados no Monitoramento do Trabalhador após Exposição Ocupacional aos Fluidos Biológicos.



             O recente protocolo de complexidade diferenciada na saúde do trabalhador, referente à exposição a fluidos biológicos, apresentado pelo MS, teve como objetivo sistematizar o atendimento nos diferentes níveis de complexidade, permitindo o diagnóstico, as condutas, as medidas preventivas e a notificação da exposição a material biológico, prioritariamente na transmissão de HIV, de HBV e de HCV.

             Em caso de exposição aos fluidos biológicos, o MS recomenda a lavagem exaustiva com água e sabão, em caso de exposição cutânea ou percutânea aos fluidos biológicos. Nos casos de exposição desses fluidos em mucosas, deve-se lavar exaustivamente com água ou solução fisiológica.

             A exposição ocupacional deve ser avaliada em relação ao potencial de transmissão de HIV, de HBV, e HCV:

• ao tipo de exposição;

• ao tipo e á quantidade de fluido e de tecido;

• aos status sorológico da fonte;

• ao status sorológico do acidentado;

• à suscetibilidade do profissional exposto.

             O determinante antigênico, encontrado na superfície do HBV (HBsAg), também é encontrado em vários fluidos corpóreos, incluindo:

• Sêmem;

• secreção vaginal;

• leite materno;

• líquido cefalorraquidiano;

• líquido sinovial;

• lavados nasogástricos;

• saliva;

• suor.

             Para o HIV, são fluidos biológicos de risco de sangue, o líquido orgânico contendo sangue visível no instrumento, acidentes com agulhas previamente usadas em veia ou em artéria de paciente fonte, acidentes com agulhas de grosso calibre e agulhas com lúmen.

             Quando o paciente fonte é conhecido, mas não possui informação de seu status sorológico, é necessário orientar o profissional acidentado sobre a importância da realização dos exames de:

• determinante antigênico encontrado na superfície do HBV (HBsAg);

• anticorpo contra o antígeno do core HBV (anti-HBV);

• anticorpo contra HCV (anti-HCV);

• anticorpo contra HIV (anti-HIV).

             O MS recomenda a utilização de testes rápidos para detecção de anticorpos Anti-HIV. Esses testes fornecem resultados em até 30 minutos e apresentam alto grau de sensibilidade e de confiabilidade, com o objetivo de evitar o início ou a manutenção desnecessária do esquema quimioprofilático, se o resultado for negativo.

             As possibilidades de soroconversão recente, apesar de extremamente rara e de resultados falso-negativos, devem ser sempre levadas em conta na avaliação de qualquer teste sorológico Anti-HIV, em função dos dados clínicos do paciente.

             Quando o paciente fonte é desconhecido, deverá levar-se em conta a probabilidade clínica e epidemiológica da infecção pelo HIV, pelo HCV, e pelo HBV e a prevalência da infecção naquela população local em que o material foi encontrado.

             Os critérios de gravidade na avaliação do risco de acidente irão depender do volume de sangue e da quantidade de vírus presente.

             O MS recomenda que o início da quimioprofilaxia, quando indicada, deverá ser rápido, se possível em 2 horas.

             Também se admite o início da quimioprofilaxia entre 24 a 48h após a exposição, sendo o prazo máximo de até 72h após a exposição. A duração da profilaxia pós-exposição(PPE) de ser de 28 dias.

             Quando o paciente fonte é HIV positivo, a PPE é indicada conforme fluxogramas determinados pelo MS. Quando paciente fonte HIV negativo, não está indicada a PPE.

             O trabalhador acidentado deve ser orientado a realizar atividade sexual com proteção durante o período de seguimento. Deve ser orientado a evitar a gravidez, doação de sangue, de plasma, de órgãos, de tecidos e de sêmen. O aleitamento materno deve ser interrompido. Essa prevenção de transmissão secundária também se aplica ao vírus HBV e HCV.

             Uma das principais medidas de prevenção para o HBV é a vacinação pré-exposição, devendo ser indicada para todos os profissionais da área de saúde.

             Os trabalhadores que fizeram um esquema vacinal completo e não responderam à vacinação, ou seja, anti-HBs < 10UI/L, devem receber uma dose de reforço e testar posteriormente o nível de anticorpos. Se o trabalhador permanecer sem resposta vacinal, deverá receber mais duas doses de vacina e, após um a três meses, realizar o Anti-HBs.

             A Hblg ou imunoglobulina humana contra hepatite B (IGHAHB) deve ser administrada o mais precocemente possível, até sete dias após o acidente. A Hblg deverá ser solicitada aos Centros de Referências para Imunológicos Específicos.

             Os trabalhadores de centros de hemodiálise e que não respondem ao esquema vacinal, devem realizar Anti-Hbs e Anti-HBsAg a cada seis meses.

             Para profissionais de saúde com esquema vacinal incompleto,está recomendada a realização de teste sorológico (Anti-HBs) após a vacinação (um a seis meses após a última dose) para confirmação da presença de anticorpos protetores.

             Não existe nenhuma medida específica para redução do risco de transmissão após exposição ocupacional ao HCV. A incubação do HCV é de duas semanas. Caso positivo, o profissional acidentado será encaminhado para um serviço de referencia. Com relação à prevenção de transmissão do vírus HCV, a única orientação é o seguimento rigoroso das medidas de segurança.

             Todos os acidentes com material biológico devem ser comunicados ao Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), por meio da Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT), e ao MS, por meio do Sistema de Informação de Agravos de Notificação Compulsória (SINAN), conforme previsto na Portaria n.777 de 28 de abril de 2004. Além disso, a instituição deverá manter um registro interno desses acidentes.



Esse texto foi publicado pelo Programa de Atualização em Enfermagem (PROENF) – Ciclo 4 – módulo 3. Coordenadora: Maria Madalena Januário Leite. Associação Brasileira de Enfermagem (ABEN) 2006.






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